sexta-feira, novembro 14, 2008

INEnteligível

é tudo uma questão de retórica. num país de brandos costumes e mentalidade ociosa há que saber servir a actividade neural com os axónios correctos... bem neste caso chamemos-lhes alegóricos.
existem 3 razões para não acompanharmos, ou "escaparmos", à recessão europeia, passo a explicar:

1. é difícil entrar num estado físico, quando psicologicamente já se coexiste com ele, na realidade não se entra apenas se oficializa! por isso, parafraseando o Diário Económico, "escapar à recessão europeia" é um pãozinho sem sal, seria preferível dizer que a Europa é que mais uma vez nos escapou.

2. as estatísticas demonstram que 72,3% dos portugueses, com idades compreendidas entre os x e os y anos acreditam que se escreve resseção e não recessão, ou seja, escapa à maior parte dos xys o fundamento!

3. jamais (carregado e sucinto, como uma ordem a um cão) Portugal poderia estar envolvido com qualquer discurso envolvido com o léxico "negativo". o nosso mais-que-tudo - governo - não permitiria. crescimento negativo? jamais, agora decrescimento positivo, aí a conversa é outra. Vá lá explicar isto aos leitores do Destak, Metro, Meia-Hora e afins... sem querer ferir susceptibilidades! de quem? da resseção, claro!


BellaMafia

quarta-feira, novembro 05, 2008

Yes We Can

não, não era o meu candidato preferido. derrotou aquela que eu previa como futura primeira presidente dos EUA, e talvez por essa razão tenha guardado deste Janeiro deste ano algum ressentimento ao ex-senador, agora presidente, Barack Obama, ressentimento esse bem alimentado por uma angústia capaz de relevar pressupostos políticos dúbios e histórias pessoais questionáveis, e defender um projecto caducado pelo sacramento da insuspeição.
não, não era o meu candidato preferido... talvez por personificar a sedução. tudo em Barack é perfeito, a tez - não é branco nem preto, é benetton - o discurso eloquente, quase me atrevo a dizer kennediano, a pose humilde, sem a presença arrogante de quem vence... e a eterna confirmação do american dream.
agora, sob o manto da verdade, reconheço nos meus sentimentos um misto de alívio e emoção, já posso despachar a demagogia política e festejar a assunção de um sonho. odiei e continuo a odiar toda a máquina propagandista que rodeou Barack, odiei Oprah e os inúmeros apoiantes que ameaçaram conspurcar a veracidade de uma postura sustentada na honestidade. hoje assumo que seria irreal exigir que Barack chegasse ao destino sem todos estes mecanismos perversos.

creio na política, mas creio mais na vida e Barack é um daqueles longos arrepios que nos percorrem a espinha e nos fazem ter esperança no futuro, com uma lágrima perfeita no canto do olho.
à 7 anos chorei após um ataque ao âmago do sonho ocidental, hoje choro com o reerguer desse sonho na pessoa do futuro presidente dos Estados Unidos da América, Barack Obama.

"Se ainda há alguém que duvida que a América é o lugar onde todas as coisas são possíveis, que questiona se o sonho dos nossos fundadores ainda está vivo, que duvida do poder da nossa democracia, teve esta noite a sua resposta".
in victory speech, by Barack Ussein Obama


BellaMafia