quarta-feira, setembro 27, 2006

Anoréxia Verbal

um dia disseram-me, em género de discurso mal compensado, que eu escrevia muito bem, tinha uma escrita articulada, com um cunho (penso se não teria o desígnio preferido punho) muito pessoal MAS... algo pesada. escrita algo pesada. pesada?
intrigou-me a classificação. intrigou-me de tal forma que tive que passar por três fases de embrutecimento:

primeiro:(sim vou seguir o discurso Paulo Portas) pensei se seria do lettering, afinal o fundo do blogue é preto, se calhar a combinação resulta algo pesada... hum... mas as letras são brancas, como as pombinhas da paz, sim paz, leve. Não, não era do lettering.

segundo: entrei num tipo de coma literário auto-induzido na esperança de encontrar uma qualquer tendência para escrever palavras com uma conotação pesada, tipo: pedragulho, haltéres, betão, quilos, "pesado"... hum... não, nada.

terceiro: pensei nos textos, questionei-me se eles seriam muito longos, com pouca pontuação, maçudos... e de facto dois / três enquadravam-se no capítulo da longa extensão, mas não na parca pontuação.

conclusão: escrevi um texto especialmente leve para todos os que classificam de pesada a minha escrita.

era uma vez uma pomba que voava sem rumo... hum... uma pomba é capaz de ser demasiado pesada. calma, outra vez.
era uma vez um canário que teimava com o horizonte que as suas cores eram as mais lindas... hum... continua a ter algum peso inerente. again.
era uma vez um passarinho, daqueles muito pequeninos, mas mesmo muito pequeninos, quase microscópicos, será que existem passarinhos-zinhos-inhos? bem não sei. é melhor desistir da ornitologia...hum...
era uma vez uma pena, sim uma mísera pena, que leve-levemente dançava ao sabor do vento...pois!, pois!, pois! o vento é forte, pesado, inexorável e se formos a ver a pena também deve ter uma graminha ou duas, dependendo da ave. certo!
pois então. era uma vez o nada, que por ser nada, nada sabia e como nada sabia, nada fazia e como nada fazia, nada faz... logo nada há para contar. querem algo mais leve que nada?

dedicado à minha irmã Ana. (apesar de isto ser algo pesado, não queria deixar de o mencionar)

BellaMafia

3 comentários:

individualidades disse...

tu é que andas um bocado pesada não???
pesado de peso...sim esse!!!!
mas é sempre bom saber que somos alvo de alguma reflexão, ainda que desta forma...
tens sorte...até te acho alguma piada!

beijooo

Anónimo disse...

Não venho comentando, mas continuamente - pesadamente, mesmo - venho aqui saber de palavras novas, escritas desse jeito que sempre admirei.
Hoje não podia omitir a minha satisfação ao ler Anorexia Verbal... adorei!

Anónimo disse...

Ora pois e cá estou eu também...
Quem te conhece sabe muito bem o peso dessas tuas palavras, com peso pluma ou com o peso de inúmeras toneladas, tanto faz...
As palavras têm o peso que cada um lhes atribui, e as tuas são sempre encantadoras de se lerem com a tua forma de escrita muito pessoal e inconfundível.
No final tudo se resume a um NADA. Fantástica conclusão...