segunda-feira, junho 04, 2007

Viagem

sigo no comboio, observo sem novidade o mesmo contexto de iguais percursos. as mesmas pessoas - faces diferentes - olham-me como para lado nenhum, aguardam o aquiescer maquinal que lhes permita viajar de corpo e mente rumo ao destino. e é enquanto observo o mundano, lugar comum, que urge o sentimento inexpugnável da criação, inicia-se uma dança lenta mas enebriante de palavras ao som de um virtual Sentimental Mood, de Cole Porter e Duke Ellington, solta-se o espirito literário.
entre a angustia do papel imaculado, sem vincos narrativos ou coitos poéticos, e a pressão do punho inquieto, liberta-se a semântica, rasurada ou profícua, liberta-se para encontrar nada mais que o ponto final, o ponto que lhe permite o regresso de um estado de alma, ausente do estar consciente.
por isso sigo no comboio e observo sem novidade... as mesmas pessoas, para lado nenhum e aguardo o soar desencarcerante... a liberdade.

BellaMafia

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